A Moravia-Silesia é uma região no leste da República Checa, que faz fronteira com a Polônia e com a Eslováquia. A Moravia-Silesia tem uma longa história que vem desde às tribos eslavas do século V. Durante a Idade Média, a região estava dividida entre vários estados feudais, incluindo a Morávia e a Silésia. No século XVIII, ela passou a fazer parte do Império Áustro-Húngaro. Portanto, uma região diversificada, com paisagens montanhosas, rios, planícies e cidades históricas. Enquanto isso, a economia da Moravia-Silesia se baseia em várias indústrias, como mineração, manufatura, energia e turismo. Sendo assim, a cidade de Ostrava é o centro industrial da região, conhecida por suas minas de carvão e siderúrgicas. Além disso, outras cidades importantes incluem Olomouc, Opava e Bruntál. Portanto, vamos te entregar um roteiro pela Morávia e Silésia, riquíssima em patrimônio cultural e histórico.
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Nosso passeio começa na estação de trem de Praga, que por si só é uma atração turística. A estação central de Praga (Praha hlavní nádraží) fica no coração da cidade e é a principal conexão ferroviária da República Tcheca. Aliás é uma das maiores estações de trem da Europa Central. A construção da estação de trem de Praga data de 1871. O projeto é do arquiteto Josef Fanta e tem estilo renascentista neoclássico, com belos detalhes arquitetônicos, pilares e estátuas. A fachada principal apresenta esculturas que representam a União, a Sabedoria e a Coragem. Ela conta com 13 plataformas e é conhecida por sua organização e eficiência. Portanto, um importante ponto de partida para viagens domésticas e internacionais, incluindo destinos populares como, por exemplo, Viena, Berlim, Budapeste e Munique.
Winton Children Farewell Memorial
Atenção para o belíssimo Winton Children Farewell Memorial que faz homenagem ao inglês que salvou cerca de 600 crianças do nazismo durante a guerra. O Memorial de Despedida na Estação Principal de Praga é uma réplica da porta do trem de 1939, com as mãos das crianças de um lado e as dos pais do outro, representando sua despedida final. Portanto, ele serve como uma expressão de agradecimento das crianças aos seus pais, a maioria dos quais não sobreviveu ao Holocausto.
O trem é certamente a melhor maneira de se locomover pela República Checa. A viagem de trem de Praga a Olomouc dura cerca de 2h30. É um itinerário bem tranquilo e os trens, além de pontuais, são bem confortáveis. Viajamos na primeira classe o que dá direito a um lanche e claro, uma comodidade a mais. Por fim, é recomendável comprar os bilhetes online com antecedência.
Olomouc é a sexta maior cidade do país e com um patrimônio histórico e cultural impressionantes, e certamente consta no nosso roteiro pela Morávia Silésia. Com uma bela arquitetura e uma atmosfera encantadora, uma das principais atrações de Olomouc é a Praça Superior (Horní náměstí), uma das maiores praças da Europa Central. Ela conta com edifícios históricos, como a Prefeitura da cidade, com sua torre alta e imponente, e a Coluna da Santíssima Trindade, uma obra impressionante da cultura barroca.
A Praça Inferior (Dolní náměstí) também é deslumbrante, com suas belas fachadas renascentistas e barrocas. Lá você encontra a Catedral de São Venceslau, um exemplo notável da arquitetura gótica, e o Palácio Arcebispal. Além disso, Olomouc também abriga uma das mais antigas e prestigiosas universidades da República Tcheca, a Universidade Palacký, fundada em 1573.
O Castelo Bouzov (ou Hrad Bouzov) é de fato um castelo real e uma atração turística popular. Ele está localizado perto da cidade de Bouzov, na região de Olomouc. O Castelo Bouzov é do século XIII e passou por várias remodelações ao longo dos anos, misturando elementos renascentistas e góticos. Portanto, ele tem torres imponentes, muralhas defensivas e um pátio central encantador.
Vale fazer um tour guiado e explorar várias salas, como por exemplo, a Capela dos Santos Cirilo e Metódio e a Grande Sala dos Caviros, que exibe uma exibição de armaduras e armasas. O castelo também abriga um museu, onde os visitantes podem aprender sobre a história e a cultura da região. Por fim, em função da magia do castelo, vários casamentos são realizados ali e pasme: custa cerca de 300 euros apenas! Além disso, ele também é famoso por suas aparições em filmes e séries de televisão.
É possível comer muito bem em Olomouc, entre restaurantes clássicos e modernos. Sugerimos o No 66, um bistrô de cozinha contemporânea checa, com ambiente acolhedor e atual. Além disso, também adoramos o Long Story Short, uma mistura de restaurante, café e padaria, com cozinha aberta e comida autoral. Para se hospedar recomendamos o NH Olomouc, um hotel prático e bem perto do centro.
Uma das principais características de Štramberk são suas casas de madeira com telhados inclinados, que dão à cidade uma aparência encantadora e pitoresca. Elas se chamam “podezdívky” e muitas delas datam dos séculos XVIII e XIX. A cidade também é famosa por seu marco histórico, a Torre Stramberk, que fica no topo de uma colina, a Trúba. Ela é o que sobrou de um antigo castelo datado do século XIII e hoje oferece vistas panorâmicas deslumbrantes da cidade e de seus arredores. Por sua arquitetura única, muitas produções audiovisuais são filmadas ali.
Além disso, a cidade tem fama por sua especialidade gastronômica, “Štr orel”, um biscoito em forma de águia, bem popular e portanto, vendido amplamente. Cheguei até a ver de perto uma família que faz artesanalmente o biscoito e chega a produzir 3.500 por dia! Ele tem forma de orelhas, vários tamanhos e recheios diversos e é composto basicamente de farinha, açúcar, mel, cravo, anis e canela.
De lá, parti para Putekvski, a 1.200 metros de altura, de teleférico. A turística cidade impressiona por suas belas paisagens encravadas em uma série de montanhas. As casas tem uma arquitetura típica de madeira e são bem coloridas, super fotogênicas. Elas parecem até de boneca e são chamadas “Jurkovič Houses”, projetadas pelo renomado arquiteto tcheco-eslovaco Jan Kotěra no início do século XX, em estilo folclórico e Art Nouveau. E o cenário fica completo já que estão imersas na natureza. Ali fica também o hotel Maměnka, (Mamãe), onde vale almoçar no restaurante Libušín, de comida típica checa. Provei um belo de um salsichão, acompanhado de uma excelente salada de batata. Ele é considerado um dos monumentos culturais mais valiosos de Beskydy.
Além disso, na pequena de Pustevny, em uma região protegida, a ONG tcheca Happy Forest produziu uma exposição de esculturas feitas com areia, de animais em extinção global e na lista da IUCN. Ela fica a céu aberto durante todo o verão europeu, bem ao lado do restaurante. Gorilas, elefantes, tartarugas, rinocerontes, entre outros podem ser apreciados e chamam atenção para o alerta mundial. Ou seja, arte, sustentabilidade e educação juntas na República Checa, a quatro horas de carro de Praga.
Foi também nesta região que senti um dos maiores medos da minha vida. Primeiramente, ao caminhar por uma passarela suspensa, no melhor estilo Indiana Jones, onde minhas pernas não paravam de tremer. Depois, veio o ápice: andei até uma plataforma de vidro para apreciar – e claro – registrar a exuberante paisagem da região de Stezka Valaška. Até o caminho da madeira foi tranquilo mas quando a me aproximei do fim e senti tremer o piso transparente, mesmo evitando olhar pra baixo, achei que fosse morrer! Com muito apoio moral e concentração consegui, e ainda pude sorrir para estas fotos que você vê. Entretanto, segurei tanto minhas emoções que ao sair, tive um ataque de pânico e comecei a chorar por alguns segundos. Não faria de novo mas as fotos ficaram ótimas, não é, rs? Definitivamente, um programa que tem que constar em seu roteiro pela Morávia e Silésia.
As regiões checas fora dos grandes centros não costumam ter muitos hotéis de luxo. Portanto, há de se fazer certas concessões para conhecer lugares interessantes e fora da rota comum dos viajantes brasileiros. Mas claro que há acomodações confortáveis, como é o caso do Golf & Ski Resort Ostravice. São diversos chalés divididos em 75 hectares o que dá portanto, um total de 33 quartos em meio aos campos de golfe. Minha acomodação era antiguinha porém confortável. Mas quem for no verão deve prestar atenção porque alguns quartos não tem ar condicionado, apenas ventilador.
Entretanto, pertinho dali, fica um hotel boutique bem estiloso, o Miura no campo de golfe chamado Čeladná. Inaugurado em 2011, ele é repleto de obras de arte e conta com 44 quartos. Uma mistura de design e arte em meio à natureza, que de fato impressiona. Há obras de inúmeros artistas renomados, como por exemplo, Andy Warhol, Anish Kapoor, Jean-Michel Basquia e David Black. Além disso, o restaurante Miura impressiona por sua comida refinada e serviço sofisticado, além do ambiente bem elegante. Certamente um dos melhores jantares nesta região da Moravia Silésia.
Finalmente chegamos ao nosso ponto final: Ostrava, a capital da Moravia Silésia e a terceira maior cidade da República Checa. Importante centro industrial e cultural, ela foi uma cidade de mineração de carvão e metalurgia, e a presença dessas indústrias moldou sua paisagem urbana. A cidade é conhecida pela sua arquitetura industrial e as antigas minas de carvão convertidas em museus e centros culturais. Ou seja, aqui você encontra um tipo de turismo diferente do habitual. Há também uma série de teatros, galerias de arte e museus. O Festival Jazz de Ostrava e o Colours of Ostrava, atraem artistas e visitantes de todo o mundo. Inclusive, nosso querido Gilberto Gil tocou lá este ano. Tudo isso em um local enorme, o complexo Dolní Vítkovice, onde era feita a extração de carvão e também a produção de ferro durante os anos de 1828 a 1998.
Já no prédio da Nova Prefeitura (Nová Radnice), há um terraço aberto para visitantes, da onde se tem uma vista panorâmica de Ostrava, de uma torre de 85 metros de altura. Ali fica também um antigo elevador de madeira típico do país, de 1928, um tanto claustrofóbico, rs, e engraçado já que ele não tem porta e anda para o lado antes de subir e descer.
Mas Ostrava é mesmo famosa por suas usinas e minas desativadas que hoje viraram pontos turísticos. A Dolní oblast Vítkovice, por exemplo, é uma antiga usina metalúrgica, com altos-fornos e diferentes instalações industriais, que se transformou em um polo cultural, com dois museus interativos, torre com cafeteria e vistas panorâmicas.
Outra parada imperdível em Ostrava é o Parque Landek, uma extensa área de lazer com ciclovias, espaço para camping, instalações esportivas, restaurantes e o maior museu de mineração da República Tcheca (Hornické Muzeum). Nele, você pode fazer um passeio pela mina (adaptados para a segurança dos visitantes), conduzidos por ex-trabalhadores, viajar em um trem de mineração original, ver exposição sobre um resgate, visitar os vestiários e experimentar como era no passado um dia de trabalho subterrâneo. Além disso, você também pode sentir in loco como era o trabalho de um minerador na mina Michal (Důl Michal), que preserva intacta a atmosfera da época. Lá, você pode ver os vestiários, chuveiros, a sala de registro, o porão das lâmpadas, o refeitório e até oficina do geólogo.
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A jornalista viajou convite do Visit Czechia, órgão de turismo da Republica Tcheca, conectada com O Meu Chip e assegurada pela GTA Seguros.
Texto e fotos por Renata Araújo. Agosto de 2023.
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