Por Carla Fiorito
Conheci a Helena Rizzo em Barcelona, em 2003 na casa de amigos em comum, no Bairro Gótico. Ela chegou pra satisfazer um desejo comum a muitos brasileiros que vivem longe do país: comer feijoada! Lembro dela com a mão na “massa”, debruçada sobre o panelão na nossa cozinha praticamente comunitária. Lenço amarrado na cabeça, desse mesmo jeito estiloso de hoje. Aquele momento me marcou: ali tinha dedicação. Estava ali alguém que usava a alma pra cozinhar! Nunca me esqueço da cena seguinte: eu sentada no chão da sala (ela também), os amigos reunidos cada qual se deliciando com a melhor feijoada que provavelmente todos haviam provado em muito tempo.
Onze anos se passaram. Helena hoje é considerada a melhor chefe de cozinha do mundo, em prêmio concedido por uma das maiores revistas especializadas no assunto: a britânica Restaurant. Mais de uma década depois, aqui estou eu de novo, sentada ao lado dela, desta vez em um dos melhores restaurantes de São Paulo, comandado por Helena e pelo marido também chef, o espanhol Daniel Redondo.
O Maní, amendoim em Espanhol, é o quadragésimo sexto na lista dos TOP 50 do mundo, ou seja, destino obrigatório para os amantes da boa mesa, aqui elaborada com produtos originalmente brasileiros, associados a técnicas de alta gastronomia.
Se naquela época ela almejava essa posição? A gaúcha, super easy going apesar da fama e prestígio que alcançou, responde: “Claro que não!”. E como uma modelo publicitária que chegou a capital paulista aos dezoito anos, depois estudante de arquitetura, trilhou o caminho da gastronomia? Nada a ver com herança de família, coisas do tipo: “cresci vendo minha avó cozinhar….”. Não. Helena aprimorou o talento e o prazer que sempre teve em cozinhar. Fez estágios em restaurantes importantes, como o El Celler de Can Roca, em Girona, na Catalunha, eleito o melhor do mundo em 2013. Depois, trabalhou na cozinha do Moo, no hotel Omm, em Barcelona. Por aqui, ganhou experiência ao lado de Emannuel Bassoleil e Neka Barreto.
Hoje, acredita que o Maní ainda tem muito a melhorar e divide os louros do restaurante sempre cheio com toda a equipe: “somos como uma banda que não pode desafinar”.
Inventiva, a chef está envolvida hoje com as chamadas “plantas alimentícias não convencionais” e estuda trazer ao cardápio do Maní ingredientes como taioba, lírio do brejo e vinagreira. E em meio às suas pitadas de modernidade, garante: “eu podia passer o dia limpando peixe!”.
E o que o futuro próximo garante a essa moça tão especial? Ainda em 2014 tem o livro do Maní saindo do forno, retomando pratos que fizeram história desde a abertura do restaurante, em 2006. O Maní também chega à Livraria Cultura do Shopping Iguatemi, em versão restaurante-café. E pra fechar, o bairro de Pinheiros vai ganhar uma pequena padaria Maní, com pães do dia, tapioquinha, cafezinho servido como se fosse em casa… Falando em casa, voltei a me lembrar daquela cena de anos atrás, da gente ali, sentada com prato de feijoada no colo e, mesmo depois de provar receitas tão requintadas, agora no Maní, tenho certeza absoluta: há muito Helena já estava no topo!
Fotos: Carla Fiorito
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