Na coluna You Must See! desta semana, Guilherme Scarpa fala sobre a aguardada estreia de “Meu Pai”, indicado a 6 Oscar. O filme é estrelado por Anthony Hopkins e Olivia Colman e narra as agruras de um octagenário senil. Além disso, para completar, dicas de longas que tratam da questão do envelhecimento.
Anthony Hopkins no elenco é sempre um must see! Esse grande ator, que ficou imortalizado no cinema pelo papel de Hannibal Lecter em “O Silêncio dos Inocentes”, estrela o drama “Meu Pai” (Apple TV, Now, Google Play). Então, o longa dirigido pelo francês Florian Zeller apresenta a conturbada vida de um idoso que já passou dos 80. Engenheiro aposentado, ele precisa lidar com a partida da filha Annie (Olivia Colman), que decide se mudar de Londres para Paris. A mudança estrutural requer uma outra imprescindível: ele terá de aceitar a companhia de uma cuidadora na ausência da filha. O processo é extremamente tortuoso, já que o personagem ainda se considera inteiramente capaz de viver sozinho.
Na prática e na narrativa, propositalmente confusa, vai se desenhando a impossibilidade do personagem de tocar a própria vida. Confuso mentalmente, ele embaralha situações e pessoas com as quais convive. Assim, o quebra-cabeça, de tirar o fôlego, só termina de ser montado ao fim da projeção. Neste trajeto, Hopkins e Colman têm atuações viscerais, indicadas ao Oscar de Melhor Ator e Melhor Atriz Coadjuvante, respectivamente.
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O longa ainda concorre a Melhor Filme, Direção, Roteiro Adaptado, Edição e Design de Produção. Emociona e detona vários gatilhos sobre a relação de filhos que têm pais na terceira idade. Mais um forte concorrente aos principais prêmios da Academia este ano, sem dúvida.
Aproveitando o ensejo, trago aqui mais alguns filmes sobre a mesma temática, com muitas variações, do romance ao suspense, passando pela comédia, é claro, que you must see! Confira a seguir.
Albert Brooks interpreta um escritor de livros de ficção científica que entra em crise. Dessa forma, ele decide resolver questões do passado com a mãe, interpretada pela atriz Debbie Reynolds. Ela é uma senhorinha cheia de manias, pão dura, mas prafrentex. Viúva, tem até um namorado sem compromisso e ainda esconde segredos. Brooks, que também dirige o filme, e Debbie fazem uma dupla impagável.
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A octogenária Betty (a maravilhosa Hellen Mirren) decide entrar em um app de encontros e nele conhece o misterioso Roy, personagem do também incrível Ian McKellen. À medida em que começam a sair juntos, Roy, em paralelo, se mostra um verdadeiro 171, que aplica diversos golpes. O próximo, ele pretende fazer com a nova namorada. Mas o neto dela está de olhos bem abertos e boas reviravoltas dão o tom do roteiro do longa dirigido por Bill Condon.
Baseado no best-seller de mesmo nome, o longa dirigido por Ritesh Batra reúne Jane Fonda e Robert Redford. A dupla, que interpretou um casal no começo da carreira, em “Descalços no Parque”(1967), agora vive dois vizinhos. Solitários ao extremo e beirando os 80, eles decidem, então, iniciar um terno romance, para ajudar a ocupar suas noites vazias. Mas a idade já avançada traz alguns percalços que eles não contavam.
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Nascida no começo do século XX, Adaline, vivida por Blake Lively, sofre um acidente de carro perto dos 30 anos. Por causa de um fenômeno físico, passa mais de seis décadas aprisionadas a um corpo jovem. Então, ela precisa, de tempos em tempos, mudar de cidade e de identidade. Com isso, assiste ao envelhecimento da própria filha enquanto se mantém completamente balzaquiana. Entretanto, apesar dos benefícios da juventude eterna, a fábula também é cruel e o segredo da protagonista terá de ser revelado quando ela se apaixona.
Clássico dos clássicos, o filme que rendeu a Jessica Tandy o Oscar de Melhor Atriz em 1990 conta a história de uma velhinha rabugenta. Então, contrária inicialmente à ideia do filho (Dan Aykroyd) de contratar para ela um motorista, Daisy acaba desenvolvendo uma grande amizade com Hoke (o sensacional Morgan Freeman) nas últimas duas décadas de vida.
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Texto por Guilherme Scarpa. Abril 2021.
Fotos por reprodução.
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